Mais velho bicheiro do Rio de Janeiro, José Caruzzo Escafura, conhecido como Piruinha, morreu aos 94 anos. A informação foi confirmada pelo neto do bicheiro, Junior Escafura, e pela escola de samba Portela, em postagens nas redes sociais.
“A Portela comunica e lamenta profundamente o falecimento de Piruinha. José Caruzzo Escafura, conhecido popularmente pelo seu apelido, faleceu nesta quarta-feira (22), aos 94 anos. Proprietário da casa de show Sambola, na Abolição, Piruinha era pai do ex-Presidente da Portela Luís Carlos Escafura e avô do nosso vice-presidente Junior Escafura”, postou a escola de samba.
A causa da morte não foi divulgada. Piruinha era pai de 27 filhos.
À CNN, Junior Escafura informou que ele “vinha enfrentando problemas de saúde e vinha internado nos últimos dias”.
Um dos líderes da cúpula do jogo do bicho no Rio, Piruinha ingressou na contravenção na década de 1950, quando começou a gerenciar bancas na região da Abolição, Piedade e Inhaúma, área que exerceu bastante influência no auge do bicho. Antes de entrar na contravenção, Escafura foi motorista de lotação.
A partir da década de 1970, já era considerado um dos principais bicheiros da cidade, tendo sob seu domínio também os bairros de Madureira, Cascadura e Maria da Graça, todos na Zona Norte carioca.
Em 1993, Puruinha e outros 14 indivíduos foram presos e condenados a 6 anos por formação de quadrilha.
À época, o caso teve grande repercussão nacional, pois pela primeira vez, todos os líderes da contravenção carioca foram condenados e presos – as penas chegaram a seis anos de prisão, mas nenhum deles cumpriu na íntegra. A responsável pelo julgamento foi a juíza Denise Frossard, da 14ª Vara Criminal do Rio.
Diferentemente de seus contemporâneos, Piruinha nunca foi líder de uma escola de samba e ganhou menos fama que seus colegas. A família, porém, tem ligação com a Portela e participa da diretoria.
Em junho de 2017, seu filho Haylton Carlos Gomes Escafura, de 37 anos, foi assassinado com a soldado da PM Franciene de Souza em um hotel na Barra da Tijuca. O motivo, conforme as investigações, seria uma disputa por pontos de máquinas caça-níqueis na cidade.
Haylton vinha de idas e vindas da prisão. À época do crime, ele estava nas ruas havia apenas 5 meses, após ser posto em liberdade em janeiro. Em 2012, ele havia sido preso por fraude nas mesmas máquinas que motivaram sua execução.
Na execução, os dois algozes do filho de Piruinha e da mulher arrombaram a porta do quarto do casal e mataram os dois a tiros de pistola e fuzil no banheiro da suíte.
A mulher morta, a PM Franciene, estava lotada na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da favela da Rocinha e estava na corporação desde 2014.
Último julgamento
Em abril do ano passado, o 3º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro absolveu Piruinha pelo assassinato do empresário Natalino José do Nascimento Espíndola, em julho de 2021. Também foram julgados e absolvidos a filha de Piruinha, Monalliza Neves Escafura, e o policial militar Jeckeson Lima Pereira.
Os três eram acusados de matar Natalino em uma emboscada, quando o empresário andava a pé, por uma rua da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. A acusação era que a família Escafura havia perdido dinheiro com um empreendimento de construção capitaneado pela vítima e, por isso, decretara sua morte.
Piruinha estava com mandado de prisão preventiva desde maio de 2022, mas cumpria a medida judicial em prisão domiciliar desde que sofrera um acidente na no banheiro da Casa do Albergado Crispim Valentino, em Benfica, em dezembro daquele ano.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Morre Piruinha, bicheiro mais velho do Rio de Janeiro no site CNN Brasil.