A educação, como ferramenta de transformação social, enfrenta o desafio de lidar com disparidades que impactam o acesso a oportunidades educacionais e perpetuam ciclos de desigualdade social. Já pensou como desigualdades anteriores à escola influenciam o desempenho escolar e as aspirações e expectativas educacionais dos estudantes?
Aspiração educacional é a esperança ou ambição de alcançar algo relacionado ao futuro acadêmico, como níveis de educação ou áreas de especialização. Expectativa educacional, embora semelhante, considera os resultados previstos com base em restrições existentes. Enquanto aspirações são idealistas, expectativas são racionais, influenciadas por limitações concretas.
A capacidade de aspirar é a capacidade de explorar possibilidades, formada através da experimentação e interação repetidas ao longo da convivência com as outras pessoas.
Já a janela de aspiração é formada por experiências e relações que moldam visões do que é possível alcançar (ou não) no futuro. Assim, desigualdades sociais resultam em diferenças significativas na capacidade de aspirar e na janela de aspiração dos indivíduos, no caso deste estudo, os estudantes do ensino fundamental e médio no Brasil.
Como um estudante aspirará a algo que desconhece? Uma oportunidade, carreira ou formação que nunca viu nem conheceu alguém que a tenha conquistado? E como terá expectativas de entrar na universidade se mal pode se dedicar às aulas, pois precisa trabalhar para ajudar na renda familiar e cuidar de irmãos menores?
A análise de duas fontes de dados; (i) a Equidade.Info 2023, a primeira amostra longitudinal de escolas representativas do ensino básico brasileiro iniciativa do Lemann Center da Stanford Graduate School of Education (EUA) e (ii) o PISA Brasil 2022, demonstrou que há uma forte associação entre aspirações, expectativas e desempenho escolar, evidenciando um ciclo vicioso de desigualdades que demanda políticas públicas focadas em equidade educacional.
Aspirações e Expectativas educacionais são influenciadas por desigualdades sociais (por exemplo, gênero, raça, condição socioeconômica, tipo de escola, escolaridade da mãe, entre outros). O desempenho acadêmico, por sua vez, não depende apenas da capacidade cognitiva, mas também de aspectos como o contexto familiar e social, além das próprias aspirações e expectativas dos estudantes que desempenham um papel determinante na sua trajetória educacional.
Portanto, Aspirações e Expectativas Educacionais são fundamentais para o sucesso acadêmico, impactando diretamente o futuro profissional dos jovens, e constituem um componente central para a realização de seus potenciais.
É imperativo criar políticas públicas que fomentem Aspirações e Expectativas Educacionais para combater desigualdades que afetam milhões de estudantes no Brasil. Promover uma educação equitativa e equalizar resultados educacionais é fundamental para o progresso social e econômico. A educação é um pilar crucial, e políticas que garantam igualdade de oportunidades educacionais para todos são indispensáveis para o avanço do país.
O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço “Políticas e Justiça” da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Mariana Lopes Andrade foi “Aquarela”, de Toquinho.
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