“Em muitos casos, o agressor é o Estado, geralmente a polícia. Em outros casos, os agressores são fazendeiros, empresários e seus seguranças particulares, e os agressores com vínculos políticos são protegidos pelas autoridades locais”, denuncia.
“A forma como os negócios são feitos no Brasil, impulsionados em grande parte pelo capital e pelas empresas estrangeiras, contribui para a insegurança e para as violações dos direitos humanos de forma mais ampla”, constata.
Ela admite que a situação está longe de ser nova. “É histórica”, disse. “Aqueles que se levantam para defender seus direitos no Brasil sempre o fizeram correndo grandes riscos. Foi assim na luta contra a escravidão, na luta para vencer o colonialismo, na campanha contra a ditadura militar e ao longo do século XXI, inclusive no governo anterior, quando os riscos para os defensores aumentaram drasticamente”, apontou.
“As causas fundamentais dos ataques contra os defensores também não são novas. Elas remontam ao período colonial e a toda a sua brutalidade, ao legado e às estruturas de racismo que ele deixou para trás e ao esforço para abrir a Amazônia e outras áreas rurais ao capital durante e após a ditadura militar – um processo que claramente continua até hoje”, disse.
Para ela, os ataques são inseparáveis do fracasso do Estado em garantir os direitos dos povos indígenas, quilombolas e outros povos tradicionais, bem como os direitos das mulheres, dos negros, da classe trabalhadora e da comunidade LGBTQIA+.
Para a relatora, o atual governo reconhece a importância dos defensores de direitos humanos na sociedade e dos riscos que eles enfrentam.