Isso, por outro lado, também não é boa notícia para o governo paulista uma vez que isso representa um aumento de quase 49% no total parcial de mortes pelas mãos da polícia em relação ao 2023.
Contagem de cadáveres não são indicador de eficácia, mas da incompetência de um sistema de segurança pública por não conseguir usar inteligência a fim de prevenir crimes. O recado passado pela Bahia e por São Paulo é de um tudo-pode que coloca a letalidade policial como centro da política pública.
Ambos os estados já perceberam que estão perdendo o controle de suas tropas com os morticínios em curso. A questão é saber se os governantes vão querer pagar o eventual custo eleitoral da mudança no modelo de enfrentamento do crime.
Não há pena de morte no Brasil, mas temos policiais que abraçam a função de promotor, juiz e carrasco. Diante de um sistema com baixo índice de resolução de crimes, casos de execução são vistos como uma forma de vingança aceita pela população. Há um naco que aplaude em público toda vez que um preto pobre se transforma em culpado pelas balas de um policial mal treinado, mal remunerado, mal instruído ou mal-intencionado.
E enquanto policiais matam crianças pequenas em operações na periferia, jovens são jogados da ponte e estudantes de medicina morrem executados à queima-roupa, facções criminosas se infiltram no poder público. Elas já estão na lavagem de dinheiro através de companhias de ônibus, nos acordos de máfias de perueiros, em licitações fraudulentas que sangram os cofres públicos, em parcerias entre guardas e policiais e o crime, na contenção violenta a movimentos sociais, na grana derramada para eleger ou reeleger parças.
O aumento no número de estupros de feminicídios também é tristemente esperado quando vozes se levantam para criticar mulheres que exigem o direito de não serem estupradas nem mortas abafando as outras vozes que criticam o sistema que permite que mulheres sejam estupradas e mortas. É bizarro, mas por aqui o feminismo promove mais revolta do que o feminicídio.