Neymar completa 33 anos nesta quarta-feira (5), dia de sua reestreia no Santos, contra o Botafogo de Ribeirão Preto, pelo Paulistão. A festa de sua chegada à Vila Belmiro dias atrás foi estrondosa, grandiosa, mostrada nos mínimos detalhes pela imprensa. Parecia até que Pelé tinha renascido para jogar no Santos.
É a sociedade do espetáculo, na qual tudo é exagerado, muito maior do que a realidade, e onde as coisas não parecem o que são. Ainda mais que o contrato de Neymar com o Santos é de apenas alguns meses.
Existe quase um consenso de que o enorme talento de Neymar é muito maior do que os títulos individuais e coletivos conquistados por ele. Há várias razões para isso. Na seleção brasileira, Neymar nunca teve a companhia de outros craques de seu nível técnico. Ele teve várias graves contusões e jogou na mesma época de Messi e Cristiano Ronaldo, dois magistrais e disciplinados jogadores. Os dois se revezaram nas conquistas de melhor do mundo.
Neymar foi para o PSG para deixar de ser coadjuvante de Messi. Além disso, ele, que era um magistral meia-atacante, próximo da área, passou a jogar na seleção e no PSG como um meia mais recuado e centralizado, longe do gol.
No Santos e na seleção, Neymar deverá ser escalado como um meia centralizado, entre o meio-campo e o centroavante, na posição em que joga Raphinha na seleção. No Barcelona, Raphinha é um atacante pela esquerda, posição ocupada por Vinicius Junior no time brasileiro. Provavelmente Raphinha irá para a direita, no lugar de Luiz Henrique.
Repito, os jogadores, do meio-campo para a frente, quase sempre jogam nos clubes de maneira diferente da que jogam na seleção. No Flamengo, Gerson é um meia-ponta que se desloca para o centro para armar as jogadas. Na seleção, é um volante, na mesma posição de De La Cruz no Flamengo. Bruno Guimarães é um meio-campista que avança bastante no Newcastle. Na seleção é um volante próximo aos zagueiros. Vini e Rodrygo variam muito mais de posição no Real Madrid que na seleção.
Se Dorival Júnior convocar o lateral-direito Wesley, do Flamengo, que tem jogado muito desde o ano passado, ele não terá espaços para avançar, pois Luiz Henrique ou outro ponta jogam abertos. No Flamengo, Gerson vai para o meio e deixa o corredor para Wesley.
Dorival Júnior deve ter gostado de ver o Flamengo contra o Botafogo; compacto, marcando por pressão para recuperar rapidamente a bola. A seleção ainda deixa muitos espaços entre os setores e só usa a marcação por pressão e adiantada em poucos momentos.
O técnico do Santos, Pedro Caixinha, adora marcar por pressão durante todo o jogo. Para funcionar bem, essa marcação tem que ser sincronizada e executada por todos os jogadores. Neymar nunca fez isso na carreira. Caixinha não deve gostar do clichê de que no futebol os jogadores jogam e correm para o craque.
Aliás, a evolução dessa maneira de jogar nas grandes equipes coincide no tempo com a carreira de Neymar.
Neymar deveria planejar seu tempo até a próxima Copa, em junho de 2026, para recuperar sua melhor forma física e técnica. Para isso, precisará de muito treinamento, disciplina e concentração. Será a grande chance de se tornar protagonista e campeão do mundo.
A história do craque ainda não terminou.
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