O mercado ficou animado porque finalmente teve o anúncio do badalado dividendo extraordinário. O Itaú destinou R$ 15 bilhões para dividendos de R$ 1,25 por ação e juros sobre capital próprio (JCP) de R$ 0,33. O montante será pago no dia 7 de março.
O banco parece ter abandonado os tempos das vacas magras. Em 2024, distribuiu R$ 28,7 bilhões em proventos, alta de 33,8% diante 2023. O payout (parcela do lucro destinada a proventos) encostou nos 70%. O mercado está sedento por mais dividendos, mas tem as suas ressalvas por conta da economia brasileira, que pode frear a carteira de crédito e elevar a inadimplência.
Com os fundamentos que possui, o Itaú poderia zelar compromissos ambiciosos com os investidores para 2025, tais como crescimento elevado da carteira de crédito e até mesmo a manutenção do payout para dividendos, mas a gestão do banco optou por uma postura mais cautelosa.
Na carteira de crédito, que alcançou R$ 1.359 trilhão e crescimento de 15,5% em 2024, as expectativas foram extremamente conservadoras. O Itaú projetou um avanço da carteira de crédito entre 4,5% e 8,5% em 2025. Teve analista que achou coerente a postura do banco, mas teve também quem não gostou nada dessa redução do crescimento.
Para Regis Chinchila, head de research da Terra Investimentos, a projeção conservadora para 2025, que prevê um lucro líquido de cerca de R$ 45 bilhões é uma estratégia prudente diante das incertezas econômicas. “O Itaú manteve a qualidade dos seus ativos e um bom nível de capital, o que transmite confiança aos investidores”, afirma.
Milton Rabelo, analista da VG Research, opina que ser cauteloso é uma postura adequada, porque existe a possibilidade de que as condições macroeconômicas sejam menos adversas do que esperado. “Caso seja essa a situação, o Itaú poderia atingir as faixas mais altas de suas projeções”.