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Monitoramento realizado pela Palver em mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram aponta que a situação não está favorável ao governo no que diz respeito ao embate de narrativas. Desde o início do governo Lula, a oposição conseguiu se mostrar mais eficiente nas estratégias de comunicação digital, mas nas últimas semanas conseguiu encontrar pautas mais assertivas.

Na última sexta-feira (14), pesquisa Datafolha apontou queda na aprovação do governo Lula. Prontamente, a oposição dominou as redes sociais em ataques ao governo. Nos grupos de esquerda, as mensagens evitaram o tema, procurando focar nas entregas do governo e compartilhando vídeos de inaugurações e discursos do presidente Lula.

O momento para essa queda de aprovação não poderia ser pior ao governo. Desde dezembro há uma forte movimentação nos grupos de direita pedindo o impeachment de Lula, por variadas razões. No entanto, é a partir de 24 de janeiro que começa a circular nos grupos uma divulgação de manifestação pró-impeachment agendada para o dia 16 de março.

No sábado (15), houve ainda mais alvoroço nos grupos de WhatsApp após Elon Musk compartilhar um post sobre a manifestação em sua conta do X. O print foi amplamente divulgado e usado para mobilizar ainda mais a base bolsonarista. O tópico ficou entre os assuntos mais comentados do X.

Jair Bolsonaro (PL) também gravou um vídeo convocando seus apoiadores e dizendo que a manifestação ocorrerá em diferentes cidades e que entre as pautas estarão a anistia, impeachment e questões nacionais. O ex-presidente disse, ainda, que suas manifestações são sempre pacíficas, que no 8 de janeiro os ataques não foram causados pela direita, e que os prédios já estavam quebrados quando os manifestantes entraram.

Essa é uma narrativa amplamente divulgada nos grupos de mensageria e que é aquecida constantemente, sempre com imagens das câmeras de segurança do planalto e com vídeos defendendo que os ataques foram produzidos pela esquerda.

A intensa movimentação bolsonaristas nas redes sociais tem como pano de fundo a iminência da apresentação da denúncia pela PGR (Procuradoria-geral da República) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro com relação à trama golpista. A expectativa é que a denúncia seja apresentada antes do Carnaval e que na sequência se inicie o julgamento do caso pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Nos grupos de direita, mensagens, vídeos e imagens são compartilhadas pedindo anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. O argumento principal é de que não houve uma tentativa de golpe, mas uma baderna. Por essa razão, os usuários defendem que haja anistia para corrigir ao que chamam de punições exageradas decididas pelo STF.

Há também uma intensa mobilização nos grupos de esquerda acerca da anistia. A maior parte dos usuários é bastante crítica à ideia, e defendem que as punições sejam rigorosas dado a gravidade do caso, uma vez que os ataques poderiam ter resultado em um golpe de estado, se tivessem sido bem-sucedidos.

Por fim, outra frente de mobilização tem sido as próprias falas do presidente Lula. Um dos casos que gerou grande repercussão nas redes sociais foi o pedido de Lula para que as pessoas evitassem comprar os produtos que estivessem caros. Essa fala produziu uma onda de ataques vindos da direita. Um dos vídeos que mais viralizou foi produzido pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL), no qual ironiza a fala de Lula, e cujo alcance ficou próximo de 90 milhões de visualizações.

O momento, portanto, é favorável à oposição, principalmente pela capacidade de mobilização das redes, que pode influenciar, inclusive, na percepção que a população tem sobre o governo. Para reverter esse quadro, o governo precisa de uma estratégia de comunicação para que seja capaz de pautar ao invés de ser pautado.


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