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Como vários clubes começaram a usar o recurso, a discussão ganhou contornos clubistas. E, como sempre quando é assim, ficou turva. Os defensores do gramado sintético são apenas dirigentes e torcedores dos clubes que têm estádios assim. E usam como muleta a história de “gramados naturais ruins” espalhados Brasil afora. São discussões que nada têm a ver uma com a outra. Criticar e proibir sintéticos não é avalizar a existência de gramados ruins. E, o principal: os sintéticos não estão na área por essa razão – e, sim, como já dito, por questões comerciais e econômicas.

A última coisa que entra no debate é a vontade dos atletas. É praticamente impossível provar que os sintéticos são responsáveis por mais lesões de atletas – e vice-versa. Mas 100 em cada 100 atletas têm a certeza absoluta de que correm mais riscos jogando no sintético. O medo de se machucar gera uma série de movimentos diferentes em campo, algumas vezes pouco naturais, e isso, por si só, já aumenta exponencialmente a chance de lesões. Treinadores não gostam, preparadores físicos não gostam, jogadores não gostam.

No fim das contas, quem joga bola são Neymar, Thiago Silva e Memphis. E Messi, que se recusa a jogar em sintéticos nos EUA. E Suárez, que passou por aqui e se recusou também. Não é a Shakira que joga bola e nem o Paul McCartney ou o System of a Down. E também não são as Leilas nem os Textors e nem os influenciadores de redes sociais. Tampouco os donos e administradores das arenas.

A principal voz tem que ser a dos jogadores. Neymar já se meteu em um monte de assuntos que não são da alçada dele. Desta vez, está fazendo um bem enorme para o futebol brasileiro. Que ele lidere este movimento, junto a outros colegas, e deixe um importante legado. Lembremos que 12 ou 13 anos atrás, um grupo de jogadores esclarecidos liderou um movimento muito importante, chamado Bom Senso. Foram deixados na mão por outros jogadores, clubes, mídia e torcedores. Que agora seja diferente.