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As más notícias sobre o governo devem sair das manchetes por um par de dias graças à denúncia de Jair Bolsonaro e turma. A abertura do processo, em abril, e a provável condenação dos elementos da organização criminosa armada, no dizer da Procuradoria-Geral da República, vai criar ondas de noticiário em tese negativo para certa extrema direita.

É improvável que os danos à imagem dessa parte da oposição contribuam para aumentar o prestígio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Decerto atrasam a organização da direita para 2026. Mas essa bem pode ser uma solução para quem quer derrotar Lula.

Bolsonaro e cia. tentam de modo desesperado colocar em tramitação algum projeto de anistia para eles mesmos e para golpistas, terroristas e baderneiros em geral, como também aqueles que vandalizaram Brasília entre 12 de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023.

As prioridades não são consensuais nem entre direitas extremas. Vide o caso das manifestações convocadas para 16 de março. Discutem se a ênfase deve ser a avacalhação de Lula, inclusive com pedidos de impeachment, ou a anistia.

O presidente do Senado, David Alcolumbre (União Brasil-AP) disse nesta quarta que anistia “não é um assunto”; que o Senado estaria “dedicado à pauta do mundo real e da vida real das pessoas”. Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, agora desconversa sobre anistia e mudanças na Lei da Ficha Limpa, que não pegaram bem entre gente da cúpula política e seus interlocutores na elite econômica.

Ou seja, anistia não parece prioridade além da seita bolsonarista.

Do ponto de vista de oposições de direita, mais prático e produtivo é desgastar Lula. Entre a oposição moderada no Congresso, o caso é de cobrar caro a aprovação de (parte) do programa de recuperação de popularidade luliano ou também de arrumar dinheiros de emendas e outros.

Na noite de desta quarta, o Senado já arrumou o tutu de uns restos a pagar que não estavam na conta do ministério da Fazenda.

O povo não parece ligar muito para o golpe. O governo vai ter é de enfrentar a parte da extrema direita que vai aprofundar a campanha de demolição da imagem econômica do governo. Esse plano prioritário seria facilitado pela desaceleração econômica, estagnação ou ligeira piora do emprego e pela inflação persistente em 2025.

Várias direitas e elites políticas e econômicas querem se livrar de Bolsonaro o quanto antes. Admite-se até juramento de lealdade ao capitão das trevas da boca para fora, por conveniência, ou passar pano para o golpe, como faz o governador Tarcísio de Freitas. Mas a ideia é ampliar a coalizão oposicionista, agregar em uma candidatura “alternativa” até os desgarrados que se juntaram à frentinha ampla de Lula em 2022, abandonados por Lula 3 ou irritados com o governo.

A julgar pela atitude do TCU em relação aos pagamentos do programa Pé-de-Meia (para secundaristas pobres), o mundo político de Brasília não vai dar vida fácil a Lula (o TCU mandou o governo regularizar esses pagamentos, os colocando direitinho no Orçamento).

Haverá dificuldades financeiras e políticas para expandir o Gás para Todos de 5,5 milhões de famílias para 22 milhões. Será difícil aprovar a isenção ou a redução de IR para quem ganha até R$ 7.000 (o programa pode sair bem mais magro).

Parece difícil faturar com a condenação dos golpistas.


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