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Ninguém sabe muito como pronunciar o nome dele, mas todo mundo já amou algum filme que ele fez. Timothée Chalamet ainda nem completou 30 anos, e nos últimos oito deles foi protagonista de 22 filmes, a maioria deles aclamada por crítica e público.

No próximo dia 2, ele disputa seu segundo Oscar vivendo o lendário Bob Dylan em “Um Completo Desconhecido”, que estreia no próximo dia 27. Ah, e ainda é o protagonista absoluto de “Duna: Parte 2”, também na lista dos indicados a Melhor Filme.

A pergunta é: o que faz de Timothée (na França se diz “Timotê”, os americanos falam “Timothy”, nós até podemos adotar o mais íntimo “Timóteo”) um ator tão especial, disputado por grandes diretores?

Depois de um bom punhado de curtas, telefilmes e episódios de séries, esse nova-iorquino da gema conquistou o mundo com o difícil papel do jovem de apenas 17 anos que se apaixona por um homem mais velho em “Me Chame pelo Seu Nome” (2017). Elio, seu personagem, tinha 17, mas ele já tinha 21 na época das filmagens.

O mais doido é pensar os destinos opostos do casal protagonista: enquanto Timothée começava ali sua trajetória ao estrelato, com direito a indicação ao Oscar, Armie Hammer, seu parceiro de cena, foi cancelado pouco tempo depois sob acusações de canibalismo e abuso sexual das namoradas e parceiras, e sumiria do mapa pouco tempo depois.

Nos anos seguintes, Timothée filmaria com outro cancelado, Woody Allen, em “Um Dia de Chuva em Nova York” –pressionado pela opinião pública, ele declarou ter se arrependido da experiência– e com a diretora de “Barbie”, Greta Gerwig, em “Lady Bird: Hora de Voar” e “Adoráveis Mulheres”. Houve alguns bons filmes abaixo do radar (“O Rei”, “Querido Menino”) até seu nome ir parar na cabeça dos grandes blockbusters (os dois “Duna” e “Wonka”).

Mas a figura de Chalamet é controversa. A Geração Z ama o seu jeito franzino, olhar cabisbaixo, ar melancólico –tudo devidamente embalado com looks sensacionais e inusitados em cada tapete vermelho em que aparece. Já parte do público mais velho não vê muita graça no seu perfil, talvez esperando alguém de estilo mais extrovertido e exuberante, um pouco como Leonardo DiCaprio quando estourou com “Diário de um Adolescente” (1995). Por tudo isso, comentários na linha “moleque sem sal” costumam aparecer sobre o pobre Timóteo.

Gosto é gosto, e não tem muito como resolver essa polêmica. Do meu ponto de vista aqui, o rapaz reúne muitas qualidades: um rosto fotogênico bom de filmar em qualquer ângulo –algo que salta aos olhos nos dois “Duna”–, atuações contidas como o cinema adora, mas também versatilidade quando o papel pede –basta ver “Wonka” para saber que Timóteo também sabe ser um rapaz sorridente e solar.

Por tudo isso e pela incorporação quase espírita de Bob Dylan, estou torcendo por ele neste Oscar. Mas o Globo de Ouro e o Bafta a Adrien Brody por “O Brutalista” indicam que este pode (ainda) não ser o ano dele.

Por fora, vem ainda o Ralph Fiennes, que nunca ganhou a estatueta, por “Conclave”. Tudo bem… É capaz de o jovem Timóteo já estar de volta com nova indicação em 2026.

“Um Completo Desconhecido”

Estreia na quinta (27) nos cinemas

“Duna: Parte 2”

Disponível no Max

Foto de Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista e crítico de cinema, TV e streaming. Foi repórter na Folha de S.Paulo e colunista do UOL. Como roteirista, escreveu para o Vídeo Show (Globo) e o TVZ (Multishow)