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Os efeitos das mudanças climáticas (ainda há quem negue que elas estejam ocorrendo?) são explícitos nos eventos extremos, como tempestades, enchentes, secas e as atuais ondas de calor. Neste começo de ano letivo, com termômetros ultrapassando os 40°C em vários pontos do país, diversas redes de ensino precisaram adiar o início das aulas, como ocorreu no Rio Grande do Sul.

A falta de infraestrutura nas salas de aulas brasileiras para garantir conforto térmico para alunos e professores é evidente. Segundo dados do Censo Escolar, apenas uma em cada três escolas públicas é climatizada. A maioria, quando muito, tem ventiladores barulhentos que não dão conta do calor atual. É ruim para quem tenta ensinar, impossível para quem precisa aprender.

A solução não é simplesmente comprar aparelhos de ar-condicionado para todas as salas. Em muitos casos, as redes elétricas não suportariam a carga ou os custos de energia seriam insustentáveis. Com temperaturas cada vez mais altas, os desafios para fazer a escola e a educação funcionarem tornam-se mais evidentes. Educadores e famílias relatam dificuldades crescentes para lidar com essas situações.

A combinação do aumento da frequência e da intensidade de eventos climáticos extremos com o despreparo para enfrentá-los já traz consequências à educação. Segundo dados do Equidade.info,

vinculado à Universidade de Stanford, apenas uma em cada cinco escolas tem plano de emergência em caso de desastre. O fechamento das escolas, como aprendemos com a pandemia de Covid-19, gera perdas de aprendizado que depois precisam ser compensadas. Muitas vezes, esses fechamentos se prolongam porque os espaços escolares são utilizados como abrigos de emergência, prejudicando ainda mais a continuidade do processo educacional.

Mesmo quando as escolas conseguem permanecer abertas durante eventos climáticos extremos, o aprendizado continua prejudicado. É fácil entender por quê: já tentou se concentrar enquanto enfrenta um calor insuportável? Para crianças e jovens, cujo desenvolvimento cerebral ainda está em andamento, essa dificuldade é ainda maior.

Diversas pesquisas já mostram efeitos negativos de eventos climáticos no aprendizado. Estudo do Banco Mundial apontou que alunos nos 10% dos municípios mais quentes do Brasil perderam 1% do aprendizado por ano devido à maior exposição ao calor. Além disso, um terço das matrículas nas capitais do Brasil está em escolas localizadas em áreas mais quentes do que a média das cidades, segundo pesquisa do Instituto Alana. O mesmo estudo aponta que há mais estudantes negros nas escolas mais quentes.

Ao longo do tempo, a perda acumulada de aprendizado terá efeito na renda e contribuirá para o aumento das desigualdades.

Resolver a emergência climática é uma questão extremamente complexa. Mitigar os efeitos negativos na educação tampouco é simples. Mas é evidente que, sem infraestrutura escolar adequada e planos de emergência, não há como garantir uma aprendizagem efetiva.

Além disso, se as escolas não assumirem o papel de educar para as mudanças climáticas, as gerações futuras enfrentarão desafios ainda mais graves.


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