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Basta lembrar dos contos de fadas: quantas Cinderelas disputaram o amor do príncipe, a ponto de mutilarem o próprio corpo, cortando um calcanhar ou um dedo do pé, só para se encaixarem no sapato prometido? E tudo isso enquanto a verdadeira eleita estava em casa, lavando, passando e cozinhando, aguardando o resgate romântico. É um cenário melancólico, mas ainda presente nas entrelinhas da vida moderna.

Aprender a dizer “não” ao desejo alheio é um processo. Quantas jovens ainda se sentem incapazes de recusar um beijo ao final de um encontro que não fluiu? O papo não engrenou, a química não surgiu, mas o rapaz, como se buscasse um troféu simbólico, tenta um beijo de despedida. Ele percebeu o desconforto, não a hesitação, mas insistiu, afinal, foi educado para associar a masculinidade à conquista. E, para evitar o incômodo, ela cede, desejando apenas que o momento passe logo.

Com tantas mulheres criadas para serem conciliadoras, muitas acham mais fácil seguir o roteiro esperado do que simplesmente chamar um carro, estender a mão e dizer: “Foi um prazer, até mais.” A verdade é que o consentimento, em sua essência, ainda precisa ser compreendido e praticado por todos.

Se você, por algum motivo, mantém relações com seu parceiro porque, no fundo, ainda carrega uma Cinderela interior — aquela figura moldada pelo papel de prazer —, talvez esteja, sim, satisfeita por amor, mas um amor permeado por submissão e desapego da própria vontade. E, nesse contexto, esse não parece ser o motivo mais saudável para se entregar.

Em situações extremas, essa dinâmica pode levar as mulheres a vivenciarem o estupro conjugal sem considerar a gravidade da violência, pois acreditam, desde sempre, que o sacrifício é inerente ao papel feminino.

No entanto, é importante lembrar que o amor genuíno é um sentimento denso e multifacetado, que se revela no convívio diário, na vontade sincera de ver o outro bem. Nesse contexto, fazer algo “por amor” pode, sim, incluir momentos de entrega sexual, quando o ser desejante da parceria está mais ativo do que o seu próprio, mas você é movida pelo desejo de lhe proporcionar prazer, com afeto, respeito e honestidade e com a certeza de que de alguma maneira dessa relação surgirá prazer para si mesma.